quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O poder da luz do sol e a promessa de ir ver um nascer do sol



É bem agradável um passeio na praia, simplesmente andar à beirinha da água e embalarmo-nos no vaivém das ondas, sentir a areia debaixo dos pés e aproveitar os raios de sol na pele. Adoro a praia em todas as estações, mas confesso que durante o Verão apanham-me muito poucas vezes nestes passeios contemplativos… principalmente neste mês de Agosto as praias estão completamente lotadas e é impossível olhar contemplativamente para onde quer que seja sem correr o risco de pisar alguém!

Hoje passeámos junto ao Forte de São Julião da Barra, ali bem perto da concorrida praia de Carcavelos, um passeio rápido a seguir ao almoço para tomar café – mas a falta de estacionamento fez com que ficássemos a apreciar a paisagem dentro do carro. É pena que a fotografia que tirei com o telemóvel não seja clara, mas ao fundo a praia de Carcavelos estava lotada de guarda-sóis e imensas pessoas desfrutavam do pico do sol às duas e meia da tarde dentro e fora da água! 

Adoro apanhar sol mas até a mim, que suporto melhor o calor do que o frio, este sol da hora de almoço até às quatro da tarde me parece forte de mais. Mesmo quando era miúda, ninguém saía de casa neste período porque era realmente impossível não derreter à sombra, quanto mais sob o sol abrasador! Mas de resto, o dia era passado ao ar livre, de tal forma que quando chegava o fim do Verão eu estava simplesmente tostada (com o bronze tórrido do campo e não o dourado da praia, pois na minha infância não houve férias de praia). 

Naquela altura ninguém usava protector solar nem coisa parecida e actualmente somos bombardeados com advertências e cautelas, para não apanharmos sol em demasia e como devemos ter sempre a nossa pele protegida. Mas esta, curiosamente, não é uma questão consensual! Doreen Virtue, no seu livro «O Poder dos Anjos», salienta vários estudos que indicam que as “pessoas que trabalham ao ar livre têm uma percentagem significativamente menor de sofrer de cancro da pele do que as que estão sempre em espaços interiores (e que ocasionalmente se expõem ao sol e apanham queimaduras solares)”.  E há outros que indicam que as mulheres que vivem em latitudes mais a norte têm mais probabilidades de desenvolver cancro do ovário e cancro da mama do que as que vivem em locais solarengos mais a sul.

Diz a autora: “muitos estudos demonstram que os protectores solares protegem apenas contra tipos não mortais de cancro da pele, mas não apresentam uma protecção eficaz contra o melanoma, o cancro de pele mortal”. A conclusão da autora é clara: a luz solar é boa para a saúde com moderação e não é saudável em excesso, como tudo na vida. “As pessoas deviam definitivamente evitar apanhar queimaduras solares, mas também deviam passar pelo menos uma hora por dia ao ar fresco e expostos directamente ao sol. 

Parece-me um bom conselho, uma boa solução de compromisso. A autora fala ainda de um outro aspecto interessante: antes da invenção da electricidade, as pessoas viviam em harmonia com o dia e a noite. Levantam-se ao nascer do sol, se fossem mesmo espertos dormiam a sesta (durante o Verão, claro) a seguir ao almoço e terminavam os seus afazeres por altura do por do sol. Doreen Virtue realça os benefícios de assistir ao nascer e por do sol: “Observar o por do sol não evoca apenas sentimentos agradáveis por causa das suas bonitas cores. O por do sol banha-vos com as luzes coloridas que activam os vossos chacras mais inferiores, o que vos ajuda a ligarem-se à terra (…) O luar e a luz das estrelas activam os chacras da madrugada no campo áurico, incluindo os chacras do terceiro olho e do laríngeo (…) A luz do nascer do sol activa o chacra do cardíaco para despertar os níveis de energia e os sentidos psíquicos para a intuição do período de vigília. A luz do sol durante o dia mantém os vossos chacras mais elevados e os mais inferiores em comunicação e em sincronia”.

Eis informação que não se encontra nos rótulos dos protectores solares! Aliás, os protectores solares, e mesmo os óculos de sol, impedem que o nosso organismo receba a vitamina D de que precisa, além de que a luz do sol é um importante agente catalisador da produção da substância química cerebral serotonina (envolvida nas transmissões eléctricas cerebrais reguladoras do humor, do apetite e dos níveis de energia.

Eu vou continuar a apanhar as minhas doses diárias de luz do sol, nesta altura longe das praias lotadas e principalmente fora das horas mais intensas! E vou ganhando coragem para me decidir um dia destes a ir assistir a um nascer do sol em algum sítio bem bonito! Fica a promessa!

Beijos solares, Sónia Martins

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Todos os dias são especiais, mesmo sem chocolate!



Dei cabo de um chocolate inteiro hoje! A minha sorte é que ele não era muito grande e a verdade é que ele já andava a pedi-las há um algum tempo! O problema é que era um chocolate tão bonito que sempre que eu me encontrava com ele achava melhor guardá-lo para uma ocasião mais adequada. Parecia mais uma obra de arte e não merecia ter o mesmo destino que aquelas tabletes de chocolate que se compram com a única finalidade de saciar a fome de chocolate! 

Ainda por cima este chocolate fez muitos quilómetros até chegar a mim – veio de Budapeste – e parecia justo que eu o apreciasse devidamente apenas com os meus olhos durante muito tempo. Mas hoje, sem nada que o fizesse prever quando acordei esta manhã, o chocolate cumpriu a sua missão de vida que, caso alguém se pergunte, é fazer alguém feliz! Só posso falar por mim, mas acho que não fui a única a ficar com um sorriso nos lábios porque, mesmo tratando-se de chocolate e de este ser pequeno, eu sou uma pessoa generosa e partilhei o meu tesouro com o meu tesouro! 

E depois de me ter lambuzado toda fiquei a pensar porque é que muitas vezes guardamos certas coisas para fazer em dias especiais quando na verdade todos os dias são únicos, especiais e irrepetíveis? Quais são os critérios que usamos para definir quais são os dias importantes? 

Quando era miúda, lembro-me perfeitamente de apenas nos dias de Natal e da festa da terra, organizada em honra do santo padroeiro, eu e os meus irmãos vestirmos roupa nova a estrear. Porque eram esses os dias importantes e tínhamos que estar todos realmente aprumados. Fico com um sorriso nos lábios a pensar nesses tempos e como as coisas são diferentes hoje em dia. Na minha infância, passada numa aldeia da Beira Interior, o importante e especial era definido pela Igreja. 

Agora que eu até sigo o Calendário Maia (que não assinala Natal ou outras festas religiosas), como escolher o que torna um dia mais importante que outro? O dia de nosso aniversário? O fim-de-semana? Os dias das férias? E como ficam todos os outros, que até são a maioria? São menos importantes?

Não, não acredito nisso. Eu quero acreditar que todos os dias têm a mesma importância na balança. Digo quero acreditar porque eu mesma considero uns dias mais importantes que outros, erradamente mas isto de mudar crenças é um eterno work in progress. Sou praticante de Reiki e curiosamente os chamados cinco princípios do Reiki começam todos com a frase «somente por hoje», precisamente porque o momento presente é que conta. Já agora, a título de curiosidade, os princípios são: «somente por hoje não me zango, não critico nem me preocupo, sou grata por todas as bênçãos, vivo em integridade e trabalho arduamente e respeito todos os seres». 

A verdade é que só temos mesmo o momento de agora, o presente, e esse é o momento importante. Não é à toa que presente é também a palavra que usamos para designar uma oferta que se dá alguém. Não estava a pensar nisto quando comi o chocolate, mas agora em retrospectiva parece-me adequado dizer que foi um presente que dei a mim mesma no momento presente, sem motivo oculto, simplesmente porque hoje me apeteceu presentear-me com um belo de um chocolate. E foi uma excelente decisão!

Beijos doces, Sónia Martins

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O voo da águia cósmica azul ou porque sigo o Calendário Maia



Hoje é um dia especial e diferente para mim, como todos os nossos dias de aniversário devem ser! Calma, ninguém se esqueceu do meu dia de aniversário: sim, eu sou do signo Balança e sim, quem é Balança nasce entre 23 de Setembro e 22 de Outubro e não em Agosto. E não, este não é um daqueles casos em que o dia de aniversário é quando o Homem quer, se bem que esta também é uma boa ideia! 

Vou explicar: hoje é o meu aniversário pelo Calendário Maia, os mesmos Maias que foram muito falados em Dezembro do ano passado à custa do fim do mundo previsto para o dia 21: eles simplesmente foram mal interpretados mas isso agora não vem ao caso. Os Maias desenvolveram uma forma de contabilizar o tempo que, na minha opinião, faz muito mais sentido do que o nosso calendário gregoriano.

Um dos estudiosos deste tema foi o escritor José Argüelles que explicou que o calendário Maia é acima de tudo um sincronário baseado na frequência 13:20 (13 tons e 20 selos, que criam um total de 260 unidades ou KIN). Este calendário segue a medida de 13 luas de 28 dias cada. Como o autor explica: “cada mês, ou melhor, Lua, tem exactamente 28 dias, 4 semanas perfeitas de 7 dias, 13 vezes por ano. Isto perfaz uma soma de 364 dias ou 52 semanas perfeitas”. O dia em falta – e esta é uma das preciosidades deste sincronário – é assinalado a 25 de Julho e é curiosamente chamado de Dia Fora do Tempo, um dia para celebrar e perdoar e preparar o novo ano que começa no dia seguinte. Diz Argüelles que a 26 de Julho dá-se a conjunção da grande estrela Sírio e o sol nascente, celebrada pelos antigos Maias e Egípcios – que melhor momento para iniciar uma nova fase nas nossas vidas!

O nosso calendário, pelo contrário, não está efectivamente em harmonia com a Natureza, se é que alguma vez esteve. Por exemplo, como o próprio nome indica, Setembro deveria ser o sétimo mês do ano, Outubro o oitavo, Novembro o nono e Dezembro o décimo. Além disso, não há nenhuma razão – que eu conheça – que justifique o número irregular de dias em cada mês – se calhar houve mesmo alguém que decidiu dar o número de dias de acordo com as norças dos dedos; lembram-se desse método de contar os dias que era ensinado na escola primária? Simplesmente não faz sentido Fevereiro ter 28 dias e Julho e Agosto ter 31, quando todos os outros são intercalados entre os 30 e 31 dias. Ou então, se faz, alguém que me explique por favor!

Além da contagem do tempo, o Calendário Maia tem muitos outros pontos de interesse, nomeadamente a energia do nosso dia de nascimento! No calendário gregoriano nasci a 30 de Setembro e sou do signo Balança; no calendário Maia nasci num dia KIN 195 – Águia Cósmica Azul (há alguma ironia aqui há mistura, sendo eu adepta do Sporting; mas a minha cor preferida é o azul, nisso acertaram!). 

Se quiserem saber a vossa “assinatura galáctica” visitem o site http://pan-portugal.com/kin/default.asp?day=26&month=8&year=2013, introduzam a vossa data de nascimento e aí explorem tudo o que é dito sobre o vosso kin. O fantástico é que acompanhando todos os dias o calendário Maia podemos tentar entrar em sintonia com a energia do dia e das “ondas encantadas”, fluindo com os ciclos da Lua e do Universo… Não deixa de ser curioso que o ciclo da mulher também tenha 28 dias! Desculpem-me os homens, mas as mulheres estão sempre muito à frente em todas as coisas realmente importantes!

Há mesmo um movimento global que pede que o Calendário Maia seja o adoptado em todo o mundo, com vantagens evidentes para a nossa espécie. Dizem-nos os Maias (segundo José Argüelles): “Oh humanidade! Não sabem nada da verdadeira natureza do tempo. O tempo não é um relógio! O tempo é a frequência de sincronização universal, pela qual se harmonizam todos os ciclos cósmicos. Por não compreenderem este entendimento verdadeiro do tempo, perdem-se no materialismo, destroem o vosso meio ambiente e afogam-se na guerra e no terrorismo! Voltem a viver de acordo com os ciclos harmoniosos da natureza cósmica e poderão salvar-se”.

Esta mensagem está em sintonia com o graffiti que fotografei hoje: Live, Laugh, Love e que aqui deixo a ilustrar o texto de hoje! Realmente, é o melhor presente que nos podemos dar a nós mesmos, seja em dia de aniversário ou não! Mas se pretenderem dar-me prendinhas a sério pode ser a 30 de Setembro! Anotem no vosso calendário, de preferência Maia: esse será um dia Cão Solar Branco, Kin 230.

Beijos e Abraços de Águia Cósmica Azul para todos, Sónia Martins

domingo, 25 de agosto de 2013

Ouvir tem muito que se lhe diga!



Com cinco letrinhas apenas se escreve a palavra OUVIR, mas que imensidão de outras palavras este sentido nos desperta, tantas que simplesmente ficamos sem palavras! Por exemplo, eu não consigo descrever o som de água a cair numa pequena cascata e a bater
nas pedras num ribeiro, mas consigo dizer que me transmite uma sensação de paz interior e de conexão com a natureza naquele momento singular.


Ouvir tem muito que se lhe diga! 


Tenho uma prima na família que é surda-muda. Quando ela nasceu, há sete décadas - mais ano menos ano, não havia escolas para pessoas com o seu desafio particular e ela simplesmente desenvolveu uma linguagem própria com a família mais próxima. Os seus sobrinhos que nasceram neste milénio aprenderam essa linguagem única e comunicam com ela sem qualquer dificuldade. Ela adora crianças mas quando lhe perguntam porque é que nunca constituiu família a resposta é simples: aponta para os ouvidos e abana a cabeça como que a dizer que foi porque não ouve... Se tivesse nascido umas décadas mais tarde tudo teria sido diferente para ela.

E nós, que temos este sentido intacto, será que andamos a ouvir, realmente a ouvir? Há sons que enriquecem a nossa vida se simplesmente nos dermos ao trabalho de os ouvirmos porque é tão fácil não darmos conta deles neste mundo tão cheio de estímulos de todas as espécies! Por exemplo, adoro usar brincos e quando coloco uns mais compridos num dia de vento parece que tenho um espanta-espíritos ambulante! Já para não falar dos próprios espanta-espíritos que têm um som lindíssimo. 


Além disso, ouvir com atenção pode literalmente salvar-nos o couro! Quando eu era uma adolescente que gostava de dormir até tarde nas manhãs de fim-de-semana e a minha mãe – vá-se lá saber porquê – tinha outros planos para mim, desenvolver toda uma ciência baseada no som que ela fazia quando subia as escadas poupou-me de certeza uns quantos puxões de orelhas… há um arrastar dos seus passos tão típico que ainda hoje em dia quando estou no ninho dos meus pais e ouço esse arrastar parece que uma mola me faz levantar da cama a correr! Era o código que dizia que ela tinha perdido a paciência e que ia haver sermão. Caso os passos fossem mais suaves, então podia recostar-me nas almofadas que ela ia sorrir e dizer que já estava na hora de me levantar!


No que respeita a ouvir, acho que as maiores dificuldades estão, sem sombra de dúvida, em ouvir os outros e ouvir-nos a nós mesmos! Mas vamos por partes. Hoje passei os olhos por um livro que tem o sugestivo título de “Como Falar Para As Crianças Ouvirem E Ouvir Para As Crianças Falarem”, de Adele Faber e Elaine Mazlish. E não resisti a ler um pouco. Diz uma das autoras que quando não temos filhos somos os melhores pais do mundo! Verdade! Eu estou cheia de bons conselhos para quem quiser! E são de graça! 

Quando se viu com três crianças, a autora teve de recorrer a uma formação específica para lidar com os seus filhos e uma das dicas que lhe deram foi a de realmente os ouvir. Se eles dizem que estão cansados ou que têm calor ou que não gostam de alguma coisa, os pais têm que respeitar o que a criança lhes diz porque assim reforçam a sua confiança naquilo que sentem. Caso se contrarie o que a criança diz (“acabaste de dormir a sesta, como é que podes estar cansado? Está frio, como é que dizes que tens calor! Eu gosto imenso disto, como é que tu não gostas?), a criança começa a receber impulsos contraditórios e a não confiar nas suas próprias emoções.


O que nos traz para a questão de nos ouvirmos a nós próprios. Nós somos os primeiros a abrir mão desta nossa ligação especial connosco mesmos chamada intuição em função dos inputs recebidos, primeiro pelos nossos pais, depois pelos amigos e também pela sociedade. E tomamos esses inputs como o que é verdade sobre nós… O resultado é a desconexão com a nossa intuição e o facto de deixarmos de ouvir as mensagens do nosso corpo. Sim, o nosso corpo fala imenso connosco, resta-nos ouvir.


Eu acredito que um mal-estar físico é sinal de um mal-estar de ordem emocional, ou seja, o corpo dá-nos uma espécie de alerta vermelho para algum processo interior que está a decorrer no campo das emoções, com o qual temos que lidar. Mas, na maior parte das vezes, o que acontece é que enterramos a cabeça na areia e não ligamos a esses sinais. Não há dúvida que desenvolver a intuição deveria ser uma prioridade em qualquer currículo do nosso ensino do básico ao universitário. Aliás, é uma aprendizagem para a vida. Desconfio que teríamos uma sociedade mais saudável… 


Eu, da minha parte, vou continuar a tentar desenvolver este meu sentido. Há sons tão belos que merecem ser mesmo apreciados, saiba eu estar atenta o suficiente para me aperceber deles!


Beijos musicais, 
Sónia Martins

sábado, 24 de agosto de 2013

Os meus cozinhados na forma de textos ou o fluir da vida no dia-a-dia



Há uns dias vi um filme chamado Julie & Julia, com a Meryl Streep no papel de Julia Child, conhecida por ter escrito um livro de culinária  sucesso de vendas e pelos seus programas de televisão em que apresentava as suas receitas baseadas na cuisine francesa. Amy Adams, por sua vez, interpreta o papel de Julie, uma blogger apaixonada por cozinha que decide recriar mais de meio milhar de receitas da Julia Child no espaço de um ano. No filme, as histórias das duas mulheres cruzam-se numa narrativa fluída que nos leva para a França de 1949 e para os Estados Unidos de 2002.


Lembrei-me deste filme porque ontem coloquei aqui um texto meu, coisa muito rara apesar de eu ser formada em Jornalismo e de gostar imenso de escrever. E pronto, fiquei com tal gosto ao teclado que decidi continuar a escrever e a partilhar os meus textos e as ideias começaram a atropelar-se e estão todas aqui à espera de ver a luz do dia! Por isso não se espantem se simplesmente os textos não tiverem lógica… algures dentro de mim fazem todo o sentido do mundo e, tal a como a Julie do filme, acima de tudo é o prazer de fazer as coisas que gostamos, no caso dela cozinhar, no meu escrever, que me motiva…

Não me vou comprometer a escrever um texto por dia nos próximos 365 dias… acho eu… ainda… mas não deixava de ser uma aventura interessante, isso de certeza! Fica a ideia em banho-maria.


Hoje comecei o dia com o Tarot de Transformação do Osho na mão. Para quem não conhece, este tarot é constituído por 60 cartas, cada uma delas com uma mensagem específica. Uma das maneiras de usar este Tarot é simplesmente escolhendo uma carta e vendo a mensagem associada a ela e meditar nesse tema durante o dia. Para minha surpresa, a minha carta de hoje tem o sugestivo título de RAIVA. Hummm? Raiva? Isto não tem nada a ver comigo, pensei eu, que sou perita em mostrar sempre uma calma tão aparente!


Não é simples explicar a complexidade do raciocínio do Osho, mas ele acredita que sempre que alguém sentir raiva deve correr à volta de casa sete vezes e depois sentar-se debaixo de uma árvore. Ou então agarrar numa almofada e bater nela até as mãos e maxilares ficarem relaxados: “O leitor não reprimiu a raiva, não a controlou, não a lançou para cima de outra pessoa qualquer”. Acima de tudo, o que acontece é um processo de consciência: “mesmo num acesso de raiva, se o leitor se tornar subitamente consciente, essa raiva desaparece”. 


Quando se tem consciência da raiva, que é um processo inconsciente, ela deixa portanto de existir e passa a ser qualquer outra coisa. “A consciência de si é necessária, mas não a condenação – e, através da consciência, a transformação ocorre espontaneamente”. O segredo está na consciência de que estamos a sentir algo que não faz parte de nós mas que é activado sob certas circunstâncias. “Se se tornar consciente da sua raiva, a compreensão acontece”. Não é de facto um processo simples, mas quando o “mistério é compreendido, torna-se uma graça, um dom”. 


Foi com estas palavras que sai de casa para ir comprar pão, e decidi ir pelo caminho mais comprido que passa ao lado de uma rotunda que tem no seu centro vários salgueiros- chorões, que eu simplesmente adoro. E decidi fazer um desvio e sentar-me um pouco nuns bancos ao seu lado. Por fora, os chorões apresentam uma folhagem verdejante, viçosa. São realmente lindos. No seu interior o cenário muda – não deixa de ser reconfortante estar naquela espécie de útero, protegida do exterior, mas na copa da árvore já não se vê o verde de fora. Há imensos ramos secos, as folhas estão todas em adoração ao sol, viradas para o lado oposto ao local onde me encontrava. E o casulo torna-se meio sem vida… 


É a metáfora perfeita para o meu tema de reflexão: muitas vezes reprimimos a raiva para manter a tal aparência de calma e de que somos pessoas civilizadas mas o nosso interior começa a ficar seco de tanta emoção reprimida, inconsciente. E nem sequer estou a falar de grandes questões existenciais, mas sim de pequeninas coisas que se acumulam até fazer uma avalanche! Os exemplos estão em todo o lado!


Primeiro exemplo: quando cheguei ao supermercado, logo à entrada estava uma daquelas bancas com uma demonstradora a dar a provar uma nova variedade de cerveja com limão. E à minha frente ia um casal que foi convidado a provar a bebida. A senhora, muito expedita, disse logo que já tinham provado, enquanto que o homem ficou relutantemente a olhar para o que teria sido pelo menos uma interessante experiência gustativa, com raiva expressa no comentário que fez: “Porque é que disseste que já tínhamos experimentado? Eu ainda não experimentei e até estava curioso!” Ao que a mulher simplesmente respondeu um lacónico “poupa-me”. Desconfio que ele gostaria de ter ali, naquele momento, uma almofada! 


Eu pelo menos gostaria de ter tido uma hoje de tarde. Exemplo dois! Depois de um passeio num grande jardim, com um lago e imensos animais à solta, eis que chego a carro e no vidro de trás, preso com o limpa vidros, estava um pequeno papel que não se parecia em nada com publicidade! E não, não era publicidade e sim uma multa. É daquelas coisas, eu sei que estacionei num sítio proibido, mas todos os lugares vagos estavam ocupados e eu pensei, se eles estacionaram, eu também estaciono (só este tópico dá para um outro texto). 


Foi aí que comecei a sentir aquela irritação, aquela raiva pelo sucedido, a invadir-me a dominar todos os meus sentidos… quem já foi multado sabe do que falo! Parece-me que o Osho quis que eu compreendesse a fundo a mensagem da sua carta de hoje, associando à teoria a parte prática! Mensagem recebida, ainda que para isso tenha que pagar uma multa! Quer dizer, não é nada agradável ser multada nem estou feliz por isso! Mas realmente é preciso por as coisas em perspectiva e perceber que é simplesmente uma multa, nada mais do que isso. E essa consciência tornou tudo muito mais calmo, mas sem o peso de uns ramos secos no meu sótão interno!


Beijocas conscientes, 
Sónia Martins